quarta-feira, 4 de julho de 2012

caminhos possíveis para uma postagem de blog

Áudio deste texto

Então... aí a professora disse: “Escrevam sobre a experiência de ter um blog...” Aí, eu pensei... vai ser difícil pra mim... um grande desafio na verdade. Pois...bom, já fui blogueira, tenho ainda uns blogs aê, mas sabe como é: sem compromisso. Digamos que eu não tenha um blog: eu “fico” com um blog. Porque entre eu e  meus blogs não há uma relação de compromisso de nenhum tipo, não há rotina ou disciplina – escrevo quando dá vontade, quando bate a inspiração. E, creio eu, que este seja um dos erros mais comuns de quem quer  ter qualquer  tipo de site: TEM que haver disciplina! Eu, obviamente,  não fujo à regra... sempre cometi o erro comum de quem nunca pensou que isso poderia ir além... que um dia minha própria professora me traria um desafio como esse... mas estou animada. Será que de "ficantes" eu e meu blog passaremos a "namorados"?

É impressionante como a gente se “adestra” pra tanta coisa: escovar os dentes pela manhã, sair de casa todos os dias no mesmo horário, tomar banho antes de dormir, cumprimentar os vizinhos no elevador, perguntar o bom e velho “how are you?” para os alunos antes de qualquer prova oral (semana de provas, estou com isso na cabeça...)  Mas manter um blog (uma espécie de diário na internet)  não é tão simples assim: blogar não é um verbo que se aprende na escola (infelizmente) ou em casa, não é algo que uma mãe pense em ensinar a seus filhos, em transmitir  para as futuras gerações: “Filho, enquanto você viver, escreva. Escreva sobre seu dia, sobre algo do seu trabalho, sobre um livro que está lendo, mas, simplesmente escreva. Sim, pois a escrita nos alivia a alma.”  Já dizia Georges Perros: “Escrevemos por que ninguém nos ouve.” Será? E se a escrita é o idioma dos solitários, o que será que diria Perros ao ouvir  falar de blogs: milhares de pessoas compartilhando publicamente tudo a respeito do que sentem, falam, ouvem... Sozinhos em nosso mundo de pensamentos publicamos na esperança de sermos ouvidos. Quem será que pensou nisso um dia? Algum afeito de Anne Frank, que, afinal teve seu diário publicado? Ou de Franz Kafka, que escrevia maravilhosamente mas enquanto vivo nunca se deixou “ler”? Quem imaginou que nas páginas dos diários de milhares de pessoas poderia haver algo que, de fato, valesse à pena ler? E não é que vale?!:)

Aí faltava a inspiração... sim, pois no meu caso, minha inspiração é como um músculo frouxo – precisa de estímulo, de exercício frequente. TEM que haver  frequência! Ou o músculo da inspiração desacostuma, amolece... Veio o domingo (pra que servem os domingos senão para aniquilar todos os meus impulsos criativos?), a segunda, e a terça. Até que um amigo de infância resolve postar algo no blog dele, e eu leio. No post ele falava da adolescência (que compartilhamos), das mudanças na vida, do afastamento dos amigos... Eu sabia exatamente o que ele queria dizer, conheço-o há anos, recentemente nos reencontramos e nos maravilhamos ao reparar que temos hoje vidas tão diferentes e questões tão semelhantes... Um simples, porêm autêntico post de um amigo querido era justamente do que eu precisava. A mensagem de Erick era relevante, verdadeira, única por que se trata da experiência DELE, e nunca existirá outra igual. Um blog, na minha opinião, TEM que ser autêntico e verdadeiro, tem que trazer o ponto de vista de quem escreve. Quem faz blog tentando copiar o estilo de alguém, ou a experiência de alguém, dificilmente vai encontrar a inspiração e a motivação para escrever, assim como também terá grandes chances de não dizer nada novo para seu público. Mais do que a voz dos solitários, um blog e seu autor estão para a descoberta como as antigas caravelas de Pedro Álvares estão para o descobrimento. NÃO PODE TER medo de errar.

Mas, o que mais gosto mesmo nessa coisa toda de blog é da experiência da escrita aliada à reflexão. Existe algo neste solitário exercício de introspecção que me renova, me acalma e nutre: a escrita me faz ponderar, esquecer, lembrar, analisar, criticar... ei, será que já não ouvimos isso em algum lugar?



Não há nada pior que um texto morto dentro da gente. 
Enquanto seus restos se perdem pelo nosso sangue, 
sua alma fica vagando dentro de nós, 
em busca de repouso. 

A mente de quem não escreve é um purgatório de textos falidos. 
Ali eles arrastam suas correntes enquanto dormimos, 
e nos visitam com imagens de pavor. 

Textos inacabados são palavras rancorosas, 
amarguradas, estéreis.

Maria do Carmo Xavier, 2004
(sim, foi escrito por mim mesma, mó tempão atrás, em minhas aventuras com a escrita,  no meu primeiro blog...)

3 comentários:

  1. Muito bom! E como temos vidas distintas com questionamentos semelhantes! E como foi bom as aventuras de adoslescentes!

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  2. Oi, Maria!

    Menina, você escreve muito bem! Não consigo me expressar em palavras como você fez. Seus pensamentos vão direto na mente da gente porque é o que a gente pensa todo dia, né? Parabéns, pelo seu talento!
    Infelizmente, para mim, o Blog não servirá como um diário de meus pensamentos, pois como disse, não sei experessar-me em palavras. Além de ter medo e vergonha, coisas que não devemos ter quando escrevemos, não verdade?
    Espero que continue escrevendo o que vem do seu coração e dos seus sentimentos.
    Beijos, Márcia.

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  3. Oi Maria,

    Adorei seu blog e sua forma de escrever, referenciada, didática!! Mas com estilo!!!

    Achei ótima sua ideia do podcast, vou me inspirar no seu e fazer para meu blog!

    bjs
    Del

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